quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A língua é minha pátria

Acho impressionante o descaso com a nossa língua por alguns repórteres e âncoras de rádio e TV. Há muito tempo isso me incomoda. Anos atrás, quando o locutor errava, quase imediatamente se corrigia e até mesmo se desculpava. Agora ouço barbaridades à exaustão. "A avenida está congestionada 'desda' ponte..."; "a minha pergunta é 'o' seguinte"; o jogo empatou “em” etc. Irritantes também são os modismos: hoje nada mais é bastante ou muito, tudo é "extremamente". A palavra “diferente” foi abolida. Agora tudo é “diferenciado”. O uso viciante desses termos é o sintoma atual da mesma doença de estações passadas que produziu o “a nível de”, o “com certeza” e o famigerado gerúndio que, felizmente, perderam força depois de ridicularizados.
Sei que a formação dos jovens repórteres é obra também do nosso precário ensino superior, mas o que sempre me pergunto é: eles não têm chefe? Ninguém lhes aponta os erros? Nenhum chefe de redação lhes aconselha a não repetir palavras lugares-comuns? A estudar gramática? Concordância? Lógica (“o trânsito está apenas intenso”)? Como abordei em artigo publicado em 2009 (https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/ML/article/view/1268), a mídia não pode fugir à sua responsabilidade educacional/cultural. A língua é um dos nossos principais patrimônios. Se não é levada a sério pelos comunicadores que receberam concessão pública para defender o direito coletivo à informação e à cultura, o que deixaremos para as novas gerações?

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